domingo, 22 de setembro de 2013

''A Casa de Hades'' Capitulo 1

HAZEL

Durante o terceiro ataque, Hazel quase engoliu um pedregulho. Ela estava sondando a névoa, imaginando como poderia ser tão difícil voar através de uma estúpida serra, quando o alarme do navio soou.

– “Vire rapidamente a bombordo!” – Nico gritou do mastro da embarcação voadora.

De volta ao leme, Leo puxou bruscamente o timão. O Argo II virou à esquerda, seus remos aéreos cortando as nuvens como fileiras de facas.

Hazel cometeu o erro de olhar sobre o parapeito. Uma forma escura e esférica veio em direção a ela. Ela pensou: Por que a Lua está vindo até nós?  Então ela ganiu e caiu no convés. A enorme pedra passou tão perto de sua cabeça que moveu seu cabelo de seu rosto.

CRACK!

O mastro dianteiro desabou – vela, mastro e Nico e tudo mais caiu no convés. A rocha, aproximadamente do tamanho de uma picape, saiu pela na névoa como se tivesse negócios importantes em outros lugares.

– Nico! – Hazel passou sobre ele enquanto Leo trazia o navio de volta ao nível.

– Estou bem! – Nico murmurou, chutando amontoados de lonas de suas pernas.

Ela o ajudou a levantar e eles tropeçaram para a proa. Hazel espiou com mais cuidado dessa vez. As nuvens partiram apenas o suficiente para revelar o topo de uma montanha abaixo deles: uma ponta de lança que se projetava de encostas verdes cobertas de musgo. Em pé no cume estava um deus da montanha – um dos numina montanum, como Jason os tinha chamado. Ou ourae em grego. Tanto faz como você os chame, eles eram desagradáveis.

Igual aos outros que eles enfrentaram, esse vestia uma simples túnica branca sobre a pele tão áspera e escura quanto o basalto. Ele tinha aproximadamente 6 metros e era extremamente musculoso, com uma barba branca longa, cabelo desgrenhado e um olhar selvagem, igual a um eremita louco. Ele bradou algo que Hazel não entendeu, mas obviamente não eram boas– vindas. Com suas mãos nuas, ele ergueu outro bloco de pedra da sua montanha e começou a moldá–lo em forma de uma bola.

A cena desapareceu na névoa, mas quando o deus da montanha berrou novamente, outro numina respondeu à distância, suas vozes ecoando pelo vale.

– Estúpidos deuses de pedra! – gritou Leo do leme. – Essa é a terceira vez que eu tive que trocar o mastro! Vocês acham que eles nascem em árvores?

Nico franziu o cenho

– Mastros são feitos de árvores

– Esse não é o ponto!

Leo pegou um de seus controles, um improvisado joystick de Nintendo Wii e o girou em um círculo. Alguns metros à frente, um alçapão abriu no convés. Um canhão de bronze celestial apareceu. Hazel só teve tempo de tampar seus ouvidos antes dele atirar em direção ao céu, pulverizando uma dúzia de esferas metálicas que tinham uma cauda de fogo verde. Nas esferas apareceram lanças, como lâminas de helicóptero, que giraram névoa adentro.

Um momento depois, uma série de explosões crepitaram através da montanha, seguidos por berros indignados dos deuses– montanha.

– HA! – Leo gritou

Infelizmente, Hazel imaginou que, julgando pelos últimos encontros deles, o novo armamento de Leo tinha apenas irritado o numina.

Outra rocha assobiou pelo ar para estibordo. Nico gritou:

– Tire-nos daqui!

Leo murmurou alguns comentários desagradáveis sobre numina, mas ele virou o timão. As máquinas zumbiam.

As cordas mágicas se amarraram com força e o navio virou a bombordo. O Argo II ganhou velocidade, retirando-se a noroeste, como vinha fazendo nos dois últimos dias.

Hazel não relaxou até que eles saíram das montanhas. A névoa se dissipou. Abaixo deles, a luz matinal do sol iluminava os campos italianos – colinas verdes e campos dourados não tão diferentes daqueles do norte da Califórnia. Hazel quase poderia imaginar que ela estava navegando de volta para o seu lar, o Acampamento Júpiter.

O pensamento pesou em seu peito. O acampamento tinha sido seu lar por apenas nove meses, desde que Nico a trouxera de volta do Mundo Inferior. No entanto, ela sentia falta disso mais do que seu lugar de nascimento em Nova Orleans, e definitivamente mais do que o Alasca, onde ela morreu em 1942.

Ela sentia falta do seu beliche na quinta coorte. Ela sentiu falta dos jantares no refeitório, com espíritos dos ventos mexendo pratos no ar e os legionários contando piadas sobre os jogos de guerra. Ela queria passear pelas ruas de Nova Roma, de mãos dadas com Frank Zhang. Ela queria experimentar apenas como é ser uma garota normal pela primeira vez com um namorado doce e carinhoso de verdade.

Mais do que tudo, ela queria se sentir segura. Ela estava cansada de ficar assustada e preocupada o tempo inteiro.

Ela ficou no tombadilho enquanto Nico tirava lascas do mastro de seus braços e Leo socava os botões do controle do navio.

– Bem, aquilo foi incrivelmente falho. – Leo disse. – Devo acordar os outros?

Hazel ficou tentada a dizer sim, mas os outros tripulantes tinham cuidado do turno da noite e mereceram seu descanso. Eles estavam exaustos por defenderem o navio. A cada poucas horas, parecia que algum monstro romano tinha decidido que o Argo II parecia delicioso.

Há algumas semanas atrás, Hazel não teria acreditado que alguém poderia dormir durante um ataque de um numina, mas agora ela imaginou que seus amigos estavam roncando nos conveses abaixo. Sempre que ela tinha uma chance de descansar, ela dormia como um paciente em coma.

- Eles precisam descansar – ela disse. – Nós temos que descobrir outro jeito sozinhos.

– Hum. – Leo encarou seu monitor. Com sua camiseta e calças esfarrapadas, ele parecia que tinha acabado de perder uma luta com uma locomotiva.

Desde que seus amigos Percy e Annabeth tinham caído no Tártaro, Leo vinha trabalhando quase que sem parar. Ele vinha agindo mais irritado e compulsivo do que o usual.

Hazel estava preocupava com ele. No entanto, parte dela estava aliviada pela mudança. Quando Leo sorria e brincava, ele parecia demais com Sammy, seu avô… O primeiro namorado de Hazel, em 1942;

Argh, por quê a vida dela tinha que ser tão complicada?

– Outro jeito, – murmurou Leo. – Você sabe um?

Um mapa da Itália brilhava no monitor. Os Montes Apeninos corriam para o sul a partir da metade do país em forma de bota. Um ponto verde representando o Argo II piscava no lado ocidental da escala, algumas centenas de quilômetros ao norte de Roma. O caminho deles deveria ser simples. Eles precisavam chegar a um lugar chamado Épiro, na Grécia, e achar um antigo templo chamado de Casa de Hades (ou Plutão, como os romanos o chamavam; ou como Hazel gostava de pensar nele: o pior pai ausente do mundo).

Para alcançar Épiro, tudo o que eles deveriam fazer era ir diretamente pelo leste – acima dos Apeninos e através do mar Adriático. Só que isso não vinha funcionando desse jeito. Cada vez que eles tentavam atravessar a espinha dorsal da Itália, os deuses das montanhas os atacavam.

Nos últimos dois dias eles tentaram contornar pelo norte, esperando encontrar uma passagem segura, sem sorte. Os numina montanum eram filhos de Gaia, a deusa menos favorita de Hazel. Isso fazia deles inimigos muito determinados. O Argo II não poderia voar alto o suficiente para evitar os ataques deles, e mesmo com todas as suas defesas, o navio não poderia fazer isso através da cadeia de montanhas sem ser esmagado em pedaços.

– A culpa é nossa, – Hazel disse. – minha e de Nico. Os numina podem nos sentir.

Ela olhou para o seu meio-irmão. Desde que tinham resgatado ele dos gigantes, ele começou a recuperar sua força, mas ele ainda estava dolorosamente magro. Sua calça e a blusa pretas pendiam de seu esqueleto. Sua pele morena tornou-se um branco esverdeado doentio, como a cor de seiva de árvore.

Em anos humanos, ele tinha aproximadamente quatorze anos, apenas um ano mais velho que Hazel. Mas isso não conta a verdadeira história. Como Hazel, Nico di Angelo era um semideus de outra época. Ele irradiava um tipo de energia antiga – uma melancolia que vinha do conhecimento de que ele não pertencia ao mundo moderno.

Hazel não o conhecia por muito tempo, mas ela compreendia, e até compartilhava, a mesma tristeza. As crianças de Hades (Plutão – tanto faz) raramente tinham vidas felizes. E julgando pelo o que Nico lhe dissera noite passada, o grande desafio deles ainda estava por vir quando eles chegassem à Casa de Hades – um desafio que ele implorara a ela para que mantivesse em segredo dos outros.

Nico segurou o punho da sua espada de ferro estígio.

– Espíritos da terra não gostam de crianças do Mundo Inferior, é verdade. Nós entramos nos nervos deles – literalmente. No entanto acho que, de qualquer forma, os numina podem sentir o barco. Nós estamos levando a Atena Partenos. Essa coisa é como um farol mágico.

Hazel tremeu, pensando na estátua enorme que ocupava a maior parte do porão. Eles sacrificaram demais salvando-a daquela caverna abaixo de Roma, mas não tinham ideia do que fazer com ela. Até agora, a única coisa para que ela servia parecia ser para alertar todos os monstros de sua presença.

Leo traçou seu dedo pelo mapa da Itália.

– Então cruzar as montanhas está fora. A coisa é: eles percorrem um longo caminho em qualquer outra direção.

– Poderíamos ir pelo mar – sugeriu Hazel. – Navegar ao redor do extremo sul da Itália.

– É um caminho longo. – Nico dissera. – E mais, nós não temos… – sua voz falhou. – Você sabe… Nosso especialista no mar, Percy.

O nome pairou no ar como uma tempestade iminente.

Percy Jackson, filho de Poseidon… Provavelmente o semideus que Hazel mais admirava. Ele salvou sua vida tantas vezes na missão para o Alasca. Porém, quando ele precisou da ajuda dela em Roma, ela falhou com ele. Ela assistiu impotente, enquanto ele e Annabeth caiam naquele poço.

Hazel suspirou fundo. Percy e Annabeth ainda estavam vivos. Ela sabia em seu coração. Ela ainda poderia ajuda-los se ela conseguisse chegar à Casa de Hades, se conseguisse sobreviver ao desafio que Nico havia alertado a ela.

– E continuando pelo norte? – ela perguntou. – TEM que haver uma passagem pelas montanhas. ou algo.

Leo brincava com a esfera de bronze de Arquimedes que ele instalou no console – seu mais novo e mais perigoso brinquedo. Toda vez que Hazel olhava para aquela coisa, sua boca ficava seca. Ela temia que Leo errasse a combinação e acidentalmente expulsasse todos eles do convés, ou explodisse o navio, ou transformasse o Argo II em uma torradeira gigante.

Felizmente, eles tiveram sorte.  Da esfera cresceu uma lente de câmera que projetou uma imagem 3D dos Montes Apeninos sobre o console.

– Não sei. – Leo examinou o holograma. – Não vejo nenhuma boa passagem pelo norte. Só que eu gosto dessa ideia mais do que voltar para o sul. Estou cheio de Roma.

Ninguém argumentou. Roma não tinha sido uma boa experiência.

– Independentemente do que fizermos, – disse Nico – teremos que ser rápidos. Cada dia a mais que Annabeth e Percy continuam no Tártaro…

Ele não precisou terminar. Eles tinham a esperança de que Percy e Annabeth poderiam sobreviver o suficiente para encontrar o lado do Tártaro das Portas da Morte. Então, assumindo que o Argo II poderia chegar à Casa de Hades, eles deveriam ser capazes de abrir a porta do lado mortal, salvar seus amigos e selar a entrada, impedindo as forças de Gaia de reencarnarem no mundo mortal de novo, e de novo.

Sim… Nada poderia dar errado nesse plano.

Nico franziu o cenho para a área rural abaixo deles.

– Talvez devêssemos acordar os outros. Essa decisão afeta a todos nós.

– Não! – Hazel disse. – Nós podemos encontrar uma solução.

Ela não sabia ao certo o porquê de ela sentir tão segunra quanto a isso, mas desde que deixaram Roma, o grupo começou a perder a sua coesão. Eles estavam aprendendo a trabalhar em equipe. Então bummm… Os seus dois membros mais importantes caíram no Tártaro. Percy tinha sido a espinha dorsal deles. Ele dera a eles confiança enquanto atravessavam o Atlântico e o Mediterrâneo. Enquanto a Annabeth – ela tinha sido de fato a líder da missão. Ela tinha recuperado a Atena Partenos sozinha. Ela era a mais esperta dos sete, a única com respostas.

Se Hazel acordasse o restante do grupo a cada vez que eles tinham um problema, eles começariam a discutir novamente, ficando cada vez mais e mais sem esperança.

Ela tinha que fazer Percy e Annabeth sentirem orgulho dela. Ela tinha que tomar a iniciativa. Ela não poderia acreditar que seu único papel nessa missão seria o que Nico tinha alertado a ela – remover o obstáculo que esperava por eles na Casa de Hades. Ela deixou esse pensamento de lado.

– Nós precisamos de algumas ideias criativas. – ela dissera. – Outro jeito de cruzar essas montanhas ou um jeito de esconder a nós mesmos dos numina.

Nico suspirou.

– Se eu estivesse sozinho, eu poderia viajar pelas sombras. Só que isso não funciona para o navio inteiro. E honestamente, eu não tenho certeza mais se tenho força suficiente para transportar eu mesmo.

– Eu poderia talvez equipar algum tipo de camuflagem – Leo dissera. – como uma cortina de fumaça para esconder-nos nas nuvens. – Ele não soou tão entusiasmado.

Ela fitou a fazenda ondulante, imaginando o que estava por baixo – o reino de seu pai, o senhor do Submundo. Ela encontrou Plutão apenas uma vez, e ela nem se dera conta de quem ele era. Ela certamente não esperava ajuda dele – nnem quando ela estava viva da primeira vez, nem durante o tempo dela como espírito no Mundo Inferior, nem desde que Nico a trouxe de volta ao mundo dos vivos.

Tânatos, o servo de seu pai e deus da morte, sugeriu que Plutão poderia estar fazendo um favor a ela ao ignorá-la. Depois de tudo, ela não deveria estar viva. Se Plutão tomasse conhecimento dela, ele poderia devolvê-la ao reino dos mortos.

O que significa que chamar Plutão seria uma péssima ideia. E ainda…

Por favor, pai, ela achou a si própria orando. Tenho que encontrar um caminho para seu templo na Grécia – a Casa de Hades. Se você está aí embaixo, mostre-me o que fazer.

No limite do horizonte, uma centelha de movimento chamou sua atenção – algo pequeno e bege correndo através dos campos com incrível velocidade, deixando um rasto de vapor como de um avião.

Hazel não poderia acreditar nisso. Ela não ousou a criar esperanças, mas aquilo tinha que ser…

– Arion.

– O quê? – Nico perguntou

Leo soltou um grito de felicidade enquanto a nuvem de poeira se aproximava.

– É o cavalo dela, cara. Você perdeu a parte inteira. Nós não o vemos desde o Kansas.

Hazel riu – a primeira vez que ela ria em dias. Foi tão bom rever seu velho amigo.

Há quase 1,5 quilômetro ao norte, o pequeno ponto bege circulou uma colina e parou no cume. Ele era difícil de entender, mas quando o cavalo se empinou e relinchou, o som transmitiu-se até o Argo II. Hazel não tinha dúvidas – era Arion.

– Nós temos que encontrá-lo. – ela disse. – Ele está aqui para ajudar.

– Está bem, ok. – Leo coçou sua cabeça – Mas, ahn, nós conversamos sobre não aterrissar o navio no chão, lembra? Você sabe, com Gaia querendo nos destruir e tudo mais.

– Apenas me aproxime e eu vou usar a escada de cordas.

O coração de Hazel estava acelerado.

– Acho que Arion quer me contar alguma coisa.








E ai Gostaram??? Comentem, obrigada.
By:Mila♥
    Creditos á: www.percyjacksonbr.com

:)


                                            

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